REVELA – Curso de fotografia para mulheres

REVELA – CURSO DE INTRODUÇÃO À FOTOGRAFIA PARA MULHERES

Voltado a sensibilização artística e leitura questionadora de fotografias, especialmente produzidas por fotógrafas mulheres, o Projeto RevEla realizou curso de introdução à fotografia voltado para mulheres jovens e adultas, cis ou transgêneras, e está em cartaz com exposição dos trabalhos produzidos pelas participantes de 13 de agosto até 09 de outubro, com entrada gratuita, na capital paulista.

Os dois módulos do curso também foram permeados por investigação e leitura de imagens, discussões sobre recortes históricos e geográficos, técnicas e estilos, exercícios de experimentação de enquadramento, diferenças de cor, luz e sombra e possibilidades do olhar de quem fotografa.

Com participação de cerca de 20 mulheres em cada módulos, entre os dias 7 de março e 8 de junho de 2022, as aulas foram ministradas pelos educadores André Spinola e Castro, fotógrafo e diretor da Rever – Estudos em Fotografia, e Marcela Tiboni, artista-educadora e mestre em Estética e História da Arte.

Foi a primeira vez que a Aymberê Produções, realizadora do curso, promoveu as atividades de forma híbrida, com aulas presenciais Casa de Cultura da Vila Guilherme, zona Norte de São Paulo, e online pela plataforma zoom.

Mulheres na fotografia 

O interesse por mulheres do universo da fotografia durante os encontros foi notável e, muitas vezes, as alunas compartilham momentos de suas vidas pessoais, relacionadas aos temas da aula, sob a perspectiva desse recorte de gênero, e trocam bastante sobre o sentimento de ser mulher, ser mulher artista, ser mulher que fotografa, ser mulher que lê imagens e opina sobre elas.

Lives RevEla

Com a intenção de aproximar as alunas do curso RevEla ao universo profissional da fotografia, o projeto realizou uma sequência de lives com mulheres que trabalham na área.

As lives foram transmitidas pelos canais de YouTube da Aymberê Produções e do Outras Palavras e foram mediadas pela artista educadora Marcela Tiboni, responsável pelas aulas teóricas no curso, e pelo fotógrafo André Spinola e Castro, responsável pelas aulas práticas.

Nas entrevistas, as profissionais compartilham suas histórias enquanto fotógrafas profissionais e as dificuldades e incentivos que vivenciaram para conquistar este título.

Todo o material está disponível nos canais pelo link abaixo:

Exposição REVELA

a partir de 13 de agosto até 09 de outubro
na Casa de Cultura da Vila Guilherme – Praça Oscar da Silva, 110
entrada gratuita

Site da exposição: www.projetorevela.com.br

PROFESSORES

Para contato, escreva para aymbereprodart@gmail.com

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO ABORDADO NO CURSO

Quando pensamos em fotografia pensamos em imagem congelada, às vezes impressa, às vezes na tela do celular, do computador, na vitrine da loja, nas entrevistas de jornais e revistas.

Se perguntarmos se você sabe fazer uma fotografia, provavelmente você dirá que sim, mas se perguntarmos se você é uma fotógrafa talvez você afirme que não. Mas como é possível sabermos fazer fotografia e não sermos fotógrafas? O que torna uma pessoa em fotógrafa?

Módulo I: exo – o olhar para fora da câmera / a câmera externa do celular

Aulas teóricas:

No módulo Exo, a investigação partirá de quem olha pelo visor da câmera fotográfica, ou da tela do celular, e tudo que enxerga, como enxerga, o que busca, quais recortes de paisagens, lugares, pessoas, cores e texturas ela faz do mundo.

Vamos escutar as participantes, seus interesses pessoais pela fotografias, e a maneira individual com que se interessam por registrar o mundo.

Todas as aulas terão também o embasamento teórico de diferentes fotógrafas nacionais e internacionais que tornaram seus trabalhos e pesquisas em referências. Entre Cindy Sherman, Antonieta DeCorrevont, Dorothea Lange, Gioconda Rizzo, Claudia Regina, Nair Benedicto, Larissa Isis, Rosangela Renno, entre outras.

Aulas técnicas:

As aulas técnicas prepararão as alunas para manifestar fotograficamente os sentimentos e reflexões propostas nas aulas teoricas. Isso acontecerá através de dois eixos principais: conhecer o funcionamento das câmeras (principalmente das câmeras dos celulares) e fotografar a partir de pautas/propostas ligadas aos assuntos teóricos estudados.

Aula 1:

teoria – a história da fotografia

A primeira aula traz a história do surgimento da fotografia, as descobertas, invenções, tecnologias até chegarmos na fotografia contemporânea, aquela que conhecemos hoje em dia. Vamos também investigar porque a história da fotografia é praticamente toda ela masculina, onde estavam as mulheres ao longo do processo, e quando elas começaram a ter espaço na linguagem fotográfica 

técnica – a sua história com a fotografia

Na primeira aula vamos ver o funcionamento básico das câmeras, com ênfase para as câmeras de telefone, dando atenção para o funcionamento automático, semi-automático e manual destes aparelhos. Os controles de foco e exposição serão explorados tecnicamente e expressivamente. Como exercício, vamos procurar contar qual a nossa relação com a fotografia através de imagens de arquivo pessoais e fazendo novas fotos. Cada aluna escolhe até 10 fotos que representem a sua relação com a fotografia até hoje. E cada aluna vai fotografar algo que represente seu interesse atual por fotografia, trazendo até 3 fotos. As imagens serão analisadas na aula seguinte em relação à técnica e ao alcance do objetivo proposto.

Aula 2:

teoria – mulheres na fotografia

A segunda aula vamos investigar o espaço da mulher na fotografia. Pensando também em outras linguagens da arte e da sociedade. Através de trabalhos pioneiros e de representatividade feminina como Antonieta DeCorrevont, Dorothea Lange e Gioconda Rizzo, vamos reconstruir a história da fotografia através do olhar de resistência feminina.

técnica – as mulheres próximas na sua fotografia

Na segunda aula começamos analisando as fotografias do exercício de casa. Após, vamos explorar mais de perto os mecanismos de foco. Veremos relações de foco em situação de proximidade e distanciamento do assunto fotografado, os limites do mecanismo de foco e como podemos usar ferramentas externas para tratamento quanto a efeitos de desfoque. Vamos explorar também o potencial criativos de fotos fora de foco. E veremos quais as relações dessas técnicas com aquilo que queremos comunicar através das imagens. Como exercício, cada aluna vai fotografar as mulheres do seu entorno mais próximo: podem fotografar a si mesmas, familiares, amigas. A idéia é fazer duas fotografias das pessoas escolhidas: uma mais de longe, onde o ambiente em que estão ajudam a contar quem é a pessoa, e uma mais de perto, focando na pessoa em si. Aqui as fotógrafas podem se aproximar bastante, buscar detalhes, indo no limite do foco (ou desfoque) das câmeras.

Aula 3:

teoria – fotografia feminina brasileira

Como a fotografia chega no Brasil? Contra o que e quem estas fotógrafas lutam para realizar seus trabalhos? Vamos observar a fotografia em todo o território nacional, como ela chegou aos estúdios, as comunidades, as aldeias indígenas, nas redes sociais. Quais as mulheres brasileiras que fizeram e fazem história dentro e fora dos museus e livros de fotografia.

técnica – a minha fotografia feminina

Começamos analisando as fotografias do exercício de casa. Após vamos nos aprofundar em no funcionamento dos mecanismos de exposição das câmeras e como podemos escolher a claridade final da imagem para criar o sentimento pretendido, a mensagem a ser comunicada. Vamos falar sobre fotografias com exposições mais claras que o “comum” e mais escuras e quais os limites que arbitrariamente são impostos de acordo com a esfera em que a fotografia é feita/consumida. E vamos descobrir o que é uma fotografia “corretamente exposta” do ponto de vista técnico. Como exercício, vamos escolher um assunto, uma temática, e vamos fotografar durante a semana somente esta temática, usando as ferramentas técnicas que aprendemos até o momento.

Aula 4:

teoria – representatividade negra

Um recorte de raça, se a fotografia sempre esteve ligada a elite, onde e quando as fotógrafas negras começaram a ter espaço? A importância e a potência do olhar negro na desconstrução da história, e o olhares únicos que estas fotógrafas trouxeram a fotografia.

técnica – o seu olhar único

Começamos analisando as fotografias do exercício de casa. Após vamos estudar as diferenças e semelhanças entre nossa visão e a visão das lentes que utilizamos para fotografar. Vamos aprender sobre distorções reais, provocadas pelas lentes, e distorções aparentes, provocadas por proximidade. E vamos ver como isso pode ser usado a nosso favor. O exercício prático envolve buscar e fotografar assuntos diretamente relacionados com a busca por igualdade de direitos ou a falta de igualdade de direitos baseados na cor de nossas peles.

Aula 5:

teoria – representatividade LGBTQIA+

Recorte de sexualidade e gênero, quais são os trabalhos das fotógrafas lésbicas, bissexuais e transexuais? Em que momento e como estas pessoas foram registradas na fotografia? Nan Goldin, 

técnica – todas as cores do mundo

Começamos analisando as fotografias do exercício de casa. Após vamos estudar o mecanismo de Equilíbrio de Brancos nas câmeras. Como nem todas as câmeras possuem esse mecanismo, também vamos buscar este controle nos apps de edição dos telefones. A forma como a câmera reage à cor da luz do ambiente provoca resultados finais muito diferentes em relação à coloração final da imagem. Vamos explorar o potencial criativo deste ajuste/ferramenta de edição. Como exercício vamos voltar nossas lentes para este universo: como você representa, que abordagem você propõe para a representatividade LGBTQIA+?

Aula 6:

teoria – você é fotógrafa

A última aula do módulo será de apresentações particulares das participantes. Cada uma delas será convidada a apresentar um trabalho fotográfico de própria autoria, contando ao grupo suas inspirações, desejos, decepções e vontades pessoais com o registro.

técnica – você sempre foi fotógrafa

Nessa última aula, que vem após a apresentação final da aula teórica, vamos explorar a edição das imagens produzidas. Como diferentes combinações de imagens, ordenação das mesmas e a própria quantidade de imagens influencia no resultado final. Vamos aprender a olhar criticamente as imagens, do ponto de vista teórico e subjetivo. Falar sobre fotografias de maneira a aprofundar e enriquecer o assunto, ao invés de impor opiniões e pontos de vista é fundamental para o crescimento e o desenvolvimento de sua fotografia.

Módulo II – eso – o olhar para si / a câmera self do celular

A fotografia é composta por dois lados igualmente importantes: a imagem capturada pela câmera – a fotografia – e os olhos de quem capta a imagem – a fotógrafa. Neste módulo do curso vamos investigar as fotógrafas, ou seja: você. Pensar juntas sobre o seu olhar, seus desejos de observar o mundo, as paisagens, pessoas, cenas e a si mesma. Como e o que fotografa. De que forma aquilo que você fotografa narra o seu olhar sobre o mundo. O que suas fotografias revelam sobre você.

Na câmera de trás do seu celular você enxerga o mundo a sua frente e a sua volta, escolhe o que quer registrar, como enquadrar, qual a melhor luz, se abaixa ou sobe em uma cadeira para registrar melhor o que deseja. Mas e quando muda a lente e usa a câmera da frente do seu celular? Quando você é o alvo da imagem, quando você se torna fotógrafa e fotografia, como é olhar para si mesma na tela do seu celular?

Aula 1:

teoria – o olhar fotográfico (ou você tem ou tem e não sabe ainda)

Olha para si é uma habilidade que desenvolvemos diariamente. O que você vê quando olha para si mesma? O que gosta, o que não gosta, do que tem vergonha, do que se lembra, o que gostaria de revelar? A câmera fotográfica ou o aparelho celular são tecnologias para registro, mas o olhar de quem fotografa é único, virar a câmera para si mesma é um ato de rebeldia ou de timidez para você? 

VIVIAN MAIER

técnica – o seu olhar para além da câmera

Nesta primeira aula vamos pedir que as participantes tragam fotografias que fizeram de si e que outras pessoas fizeram delas. Vamos começar uma conversa sobre como essas imagens foram feitas: ponto de vista, iluminação, controles de exposição, a relação entre a lente usada, a distância etc. É um esforço de engenharia reversa para que possamos “rever” a técnica estudada no módulo anterior. Mas o foco principal deste estudo é introduzir o tratamento das imagens. Vamos usar as ferramentas do próprio celular. Mas vamos construir um raciocínio lógico de tratamento.

Aula 2:

teoria – selfie X autorretrato

A diferença entre você querer mostrar como sua imagem se apresenta para o mundo, como o seu corpo pode carregar símbolos de luta e resistência, investigar o que muda entre você na vida e você congelada para eternidade. E analisar estas diferenças entre um autorretrato e uma selfie. Ou seja as diferenças entre um registro fotográfico elaborado, pensado, estruturado X imagens curtas e rápidas que buscam comprovar que você esteve em determinado lugar, imagens que desejam registrar a beleza da paisagem mas que tendem a colocar você inserida nesta paisagem.

DIANE ARBUS

FRANCESCA WOODMAN

técnica – olhando para si, mas como?

Vamos agora tentar experienciar em aula essas duas realidades e procurar encontrar, do ponto de vista técnico, as ferramentas para os resultados desejados. E vamos em frente com o tratamento de imagens para finalização da idéia.

Aula 3:

teoria: como você se vê como a outra vê você

Quando se olha no espelho, o que você enxerga? Como você se descreveria? Qual parte de si mesma mais gosta de fotografar e quais aquelas que tenta esconder nas fotografias? Como a colega ao seu lado te enxerga? Entregando a ela uma máquina fotográfica que registro ela faria de você? Que partes suas colocaria em destaque, como ela te apresentaria em uma imagem? Será que como você se enxerga é muito diferente de como a outra te enxerga? 

JO SPENCE

LARISSA ISIS

BETTINA PITTALUGA

KORAL CARBALLO

técnica – como eu vejo e como quero ser vista

Exercício fotografa X fotografada X palavra do clique

Aula 4:

teoria – as redes sociais X as salas de museus

A História da Arte revelou, através de exposições, publicações e salas de museus, grandes fotógrafas mundiais. Por muitos anos esta era a única forma de conhecer os trabalhos destas artistas. Mas e hoje com o alcance e popularização das redes sociais, é possível se tornar uma grande artista sem ter os trabalhos expostos nas salas do museus? Entre o museu e a rede social, entre questionamento e visibilidade, entre resistência e popularidade, entre pertencimento e reputação.

GABRIELA LORAN

BARBARA WAGNER

NATE CASTRO

técnica – onde vão parar as fotos?

Quais os suportes para nossas fotografias? O museu, zine, livro, telas de celular, computadores e tablets. Já estivemos tratando as imagens. Vamos falar de impressão.

Aula 5:

teoria – sexualidade, gênero e identidade

De que forma a fotografia pode trazer reflexões a respeito da sexualidade, do gênero e da identidade? Quais as formas que diferentes fotógrafas pelo mundo encontraram para trazer estes debates dentro da fotografia?

DEANA LAWSON

JUN AHN

CRIS BIERRENBACH

DONNA FERRATO

técnica – seu olhar em sequência

Nesta aula vamos nos voltar para sequências fotográficas e sua criação. As alunas fotografarão uma pequena série de 3 imagens dentro da temática da identidade, para depois tratar e definir a saída. Discutiremos edição de sequência.

Aula 6:

teoria – mulher, negra, lésbica, periférica, pessoa com deficiência, transsexual

Quais mulheres as pessoas querem ver registradas nas fotografias? 

ZANELE MUHOLI

MARIZILDA CRUPPE

NIKKI SILVER

EYLUL ASLAN

técnica – vamos imprimir algumas fotos